sexta-feira, 25 de abril de 2014

MINHA GENTE, O NEGÓCIO ANDA COMPLICADO


Minha gente, o negócio anda  complicado. Todos os dias uma notícia pior que a outra: "Homem morto a tiros, comunidade invadida por facções rivais, UPPS assumindo o comando..." 
Tem malandro correndo pelos becos, escondendo evidências no bolso. Crianças assustadas debaixo da cama esperam o desfecho da selvageria.  
O barulho dos fogos mistura-se com potentes escopetas, cortando o céu azul celestial.
Bem perto dali, a madame fútil e desinformada observa o mar da varanda, não enxergando nada além que o horizonte e a jóia que ganhou do marido na noite passada.
Maria, sua empregada engole o choro, tentando disfarçar a angústia que sente ao escutar o noticiário. Será seu filho ou um dos seus irmãos aquela pessoa baleada? 
Eles não dão importância alguma para a identidade daquele ser estirado no chão, apenas passam uma informação superficial para satisfazer a massa que necessita de respostas para o caos que se formou no bairro.
Curiosos que por ali transitam causam confusão, provocando algumas batidas. Policiais que deveriam estar fazendo a ronda gastam seus olhares despindo a roupa da bela moça que caminha com seu cachorrinho no calçadão.
Na rádio, o jogo é narrado calorosamente na voz do locutor, enquanto a vizinha do lado discute com o pai. Enquanto isso o indigente continua ali, parado e esquecido como se nada tivesse acontecido.
A chuva cai, os bueiros começam a borbulhar toda a sujeira da cidade. O trânsito fica intenso, alguns ombros são machucados pelas afiadas pontas de guarda chuva dos péssimos condutores. 
A luz acaba, a novela é interrompida causando o desiquilíbrio hormonal feminino. A mente começa a funcionar nesse minuto de silêncio e todas as dúvidas invadem o pensamento.
Problemas, soluções, decisões a tomar...
O corpo daquele homem continua no mesmo lugar, desde que o dia começou. Ele era apenas mais um brasileiro, que não fugiu a luta. Nem temeu a própria morte da nossa terra adorada, entre outras mil.
A luz retorna, o noticiário invade nossas salas para podemos jantar com a desgraça alheia. Quem sabe assim, esquecer dos mínimos problemas que achamos ter e dormir com o famoso "Boa noite" do apresentador.   


quinta-feira, 24 de abril de 2014

MAIS MAÇÃ DO AMOR, MENOS DENTE QUEBRADO!


Sejamos mais criativos nas abordagens e menos cópias de personagens fictícios. 
Quando um homem está interessado na conquista certamente deixará escapar as mais belas frases do cinema. Cuidado para não cair no conto do príncipe encantado, por trás daquele tipinho encantador esconde-se um sapo pra lá de ogro e impaciente.
Dizem acreditar em destino, amor à primeira vista e te fazem parecer única e especial. Cai no conto quem quer, tudo bobagem.
Qualidade, que nada! Eles reclamam que as mulheres de hoje estão apavorando com suas atitudes e estratégias de ataque mas, não seriam eles que estariam conduzindo essa postura?Eu poderia até concordar, isso tem sido evidente e às vezes assustador. Prefiro continuar observando como uma crítica impiedosa na platéia.
As mulheres alcançaram o posto que tanto queriam, só não estão sabendo lidar com isso. Estão mais confiantes, mais práticas e cada vez menos sentimentais. Isso já sabemos.
A verdade é uma só, mulher é altamente explosiva e observadora. Enquanto eles decoram seus lindos textos sedutores para fisgar as "inofensivas" presas, elas tomam conhecimento de que tudo aquilo não passa de uma péssima interpretação teatral reprisada sempre que preciso.
Uma boa mentira contada para convencer merece meus aplausos mas, que seja extremamente criativo para não cair no ridículo.
Será que ninguém consegue enxergar isso ou insiste em brincar de faz de conta para quem sabe suprir algo?
Ninguém depende de mais alguém para encontrar a felicidade, isso está dentro de nós e para o universo que criamos para chamar de "nosso mundinho". As pessoas entram em nossas vidas para somar e se essa soma for capaz de acrescentar mais felicidade, que seja bem vinda.
Não temos o poder de controlar mentes mas, podemos tentar compreender a nossa primeiro. 
A vida não é um jogo como muitos pensam por aí, é apenas um momento de férias de espírito. Brincar no parque de diversões pode ser altamente perigoso quando não sabemos a hora de parar.
Amores tipo montanha russa não garantem uma curva segura, trem fantasma pode causar desconforto e a famosa roda gigante... Girar e girar sem nenhuma perspectiva futura é como andar em círculos enquanto o tempo não perde sua hora.
No meio desse parque podemos adoçar nossos corações com mordidas saborosas nas suculentas maçãs do amor, como podemos quebrar o dente e causar um transtorno absurdo.
Que a vida não seja um dente quebrado e sim uma maçã suculenta, pronta para ser saboreada a cada espetaculo. 





quinta-feira, 10 de abril de 2014

AREIA NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO


Dá pra reclamar o dia inteiro e ficar na dívida daquele esperado relax.
Um calor furioso de queimar a ponta da lingua e enrugar qualquer pele esticada te consome a cada segundo. Você tenta dar um pulo na praia na tentativa de encontrar uma brisa mas, o sol é tão forte que até chegar na areia já deixou escorrer 80% do corpo no meio do caminho.
Um deserto do Saara em pleno Rio de Janeiro, fazer o quê?
Primeiro item é lambuzar-se de filtro solar, depois procurar barraca pra alugar. Quanto custa? Dez reais a barraca. 
Se preferir pulseira vip, mais cinquentinha. Isso é só para os especiais, com direito a 2 garrafas de água, um espetinho de camarão e fatias de melancia. Tudo empanado naturalmente com a areia "limpa" do local. O vento existe, mesmo que fraquinho e tímido estará presente para temperar seu combo on the beach. 
Cadeira nem pensar, vai de canga mesmo. Começa a tortura nesse momento.
Criança correndo e jogando areia, surfista molhado sacudindo água e todas aquelas bolas de jogos praianos sendo arremessadas a todo instante. Tenho imã para isso e por mais que tente desviar tem sempre um cãozinho fofo atras desse brinquedo. Coisas de Mel!
O som ambiente parece uma mixagem descontrolada, estão vendendo até a mãe.
É óleo chup chup, mate contaminado no latão, olha o abacaxiiiiiiii!!!
O tradicional biscoito "cala a boca" de polvilho não pode faltar. A primeira rodela já gruda no céu da boca e acreditem, não tem gosto de nada. 
Picolé derrete só de sair do isopor e cerveja gelada não existe. Sou descolada quanto a isso e sei muito bem do macete de molhar a latinha antes de entregar ao cliente. Reclamar nem pensar, ambulante tem sempre a razão.
Ainda falta o fator mergulho, a parte mais bizarra. Ondas gigantescas te fazem molhar o corpo na beirinha, se der sorte sairá com um saco plastico na cabeça, se der azar...fraldinha carregada. 
As pessoas se aglomeram, brasileiro realmente tem o tal do calor humano e não para por aí.
Quilos e quilos de panças, pernas, bundas e bigodes ensaiam um espetáculo aterrorizante sem o menor senso auto crítico. Os corpos misturam-se com a cor natural da areia, é a famosa água oxigenada pintando na área. 
Tudo bem que em cidade grande a ausência de um quintal em casa dificulta mas, boa parte da população desconhece o uso da depilação. Fica aquele monte de pelo amarelo ovo parecendo implante em terras desconhecidas. Um horror, uma poluição visual.
Ao meu lado, visão do inferno! Sanduíche a metro escorrendo maionese pelos braços da pequena grande família que tirou o dia para curtir esse sol maravilhoso.
O marido nem aí pra vida forma círculos de latinhas, chamando a atenção dos catadores enquanto sua esposa permanece gritando para as crianças saírem da água. As mesmas que chutam areia quando passam, desfilando um make vangoguiano que você não entende o que é cabelo e o que é areia.
Ok, cada um no seu quadrado, que não invadam meu espaço. A única solução e a mais sábia certamente é correr para o mar.
Espero a primeira onda, a segunda, a terceira...
Dizem que passando a sétima fica tudo calmo, vamos lá. Choque térmico acompanhado com câimbras, isso certamente é resultado de todo o estresse de antes.
Mergulho de cabeça, que maravilha! Não, nada de maravilha.
Na primeira tentativa uma prancha descontrolada fura a onda e vem ao encontro da minha cabeça. O corpo já cansado se embola com a água, fazendo-me descer até o mundo de Netuno.
E cadê Iemanjá nessas horas? Certamente ocupada juntando as flores que foram arremessadas na noite anterior por um grupo desesperado de solteironas que fizeram despacho para conseguir macho. Bom, prefiro não estender esse assunto absurdo, sem noção e sem razão. 
Ainda tenho alguns minutos para secar e correr pra bem longe dali. Caminho durante alguns metros em direção ao calçadão com o fundo musical: funk total! 
Chego a conclusão que praia à noite é bem mais interessante, não dá pé de galinha e não causa essa perturbação mental.


ALÔ ALÔ MARCIANO...TO CHEGANDO!


"Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down the high society..."

Desde que me entendo por gente falam que o mundo vai acabar e nada acontece. Estou falando em acabar mesmo, não apenas destruir-se nessas dosagens homeopáticas e sonolentas que vem acontecendo desde sempre.
Cometas, meteoritos e asteroides circulam por aí sem a menor autorização. Tempestades, maremotos, terremotos destroem boa parte do planeta. 
Enquanto tudo explode, a população sem noção se preocupa em conferir tendências de moda e quase sempre discutem relacionamentos. Talvez até mesmo imaginários, platônicos e sem fundamento algum. 
Não há nada mais pavoroso que isso!!! Perde-se tempo e ganha-se futilidade. Perde-se a moral e fica tudo na mesma. Céu e terra em conflitos intermináveis, um verdadeiro apocalipse gratuito.
A fúria da natureza é espontânea e de uma personalidade incrível. Não adianta conversar para tentar convencer.
Na hora da novela, o mesmo blablablá sem coerência e acréscimo intelectual. O marido com a amante, a amante com o namorado, o namorado enrustido...
A esposa do marido permanece calada ou finge que não vê. É, por que hoje arrumar casamento anda complicado e algumas acham melhor engolir sapo na falta de príncipes encantados. Assim pode distrair-se com suas pilhas de roupas, lavando e passando  enquanto a confusão acontece. 
Isso não é vida, nem aqui e nem em marte.
A vizinha fofoqueira vira quase protagonista, narrando o dia a dia de todos. Essa perde boa parte do seu precioso tempo tomando conta do que acontece nas casas ao lado. O cachorro enfurecido morde as canelas andarilhas que por lá transitam, o papagaio fica rouco de tanto gritar: "Me deixa ser livre, me deixa voar!"
E assim vamos seguindo, sem lenço e sem documento. Sem carteira no bolso, por que o pivete levou pra comprar aquela cachaça esperta, a mesma que o faz esquecer da realidade.
Que realidade? Ser real é saber diferenciar qualidade de quantidade. Não falo somente de pessoas mas, de tudo que nos cerca. 
Já parou pra respirar profundamente o pouco de ar que ainda nos resta? Aposto que não!
Falamos pelo nariz, a boca está ocupada com palavras agressivas e corriqueiras. Acordar virou dar um pulo da cama para encarar o dia.
As bundas foram parar nas cabeças e as cabeças nas bundas. Ou seja, a "merda" foi arremessada para todos os cantos.
Nas redes sociais todos são santos, imaculadas e até anjos. Se faltar energia o apagão consciente surge.
Ontem Marte ficou pertinho da terra mas, vê se tem marciano querendo passar férias por aqui. 
Que nada! Saíram correndo na mesma hora, nem se quer deram o ar da graça com suas misteriosas gravuras na areia.
Se nada der certo é pra lá que eu vou. Mais interessante que entrar em BBBs ou virar dançarina do Faustão, com todo respeito (não deu pra segurar a piada). 


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