Essa exposição gratuita vem causando sérios problemas para os seres que se acham macacos, no caso nós.
Se antes os relacionamentos acabavam por traições visíveis e coletâneas de desculpas toscas, hoje com uma simples curtida nas fotos de desconhecidas (os) podemos perder a calcinha, a cueca, a compostura e o bom humor.
Não basta adicionar pra ser amigo, aliás isso é a coisa mais imbecil que já vi. Pessoas que nunca ouvimos falar imploram por um pedido de amizade. Rotularia esses indivíduos como filhos da carência apelativa humana. Para isso é necessário seguir os blogs da pessoa, o aplicativo de fotos, suas preferências musicais, literatura de cabeceira...
Viramos um verdadeiro reality show de futilidades desnecessárias querendo viver a vida do outro. Sabemos onde a pessoa está nesse momento e onde estará presente no próximo final de semana. Pavoroso!
As vezes acho que tem alguém do outro lado da tela observando enquanto digito. Fico desconfiada ao entrar em banheiros, provadores de roupas, no ginecologista...Isso não é nada legal.
A modernidade chegou para dominar e a massa cerebral das pessoas continua do tamanho de uma ervilha. Se não temos problemas logo procuramos um.
O namorado comenta na foto de uma amiga boazuda que está com saudades e como ela está LINDA. Desculpe a minha franqueza mas, homem é burro pra caramba. Além de esquecer sua pagina pessoal aberta fica completamente hipnotizado pela bela imagem da pessoa que depois de séculos resolveu dar as caras. Aí começa todo aquele processo de linda pra cá, linda pra lá, como você está ótima... Daí já parte para a estratégia de marketing pessoal.
Mesmo que não queira nada homem necessita da arte da conquista, principalmente os inseguros de plantão. Comenta e comenta em várias publicações da amiga boazuda.
A namorada irritada, acompanha tudo nas atualizações e mesmo que elas não apareçam voluntariamente tem toda aquela falta de privacidade que a leva diretamente ao ponto de partida investigativo. Tirando suas próprias conclusões certamente negativas, no mínimo vai querer arrancar seus testículos assim que se encontrarem.
Ele tenta se explicar e cada elogio feito para a amada serve para dizer: "- Fiz merda mas, te amo!"
É exatamente assim que acontece nas "melhores famílias" e assim será por muitos e muitos anos na nossa gloriosa existência humana. A essa altura os "amigos" que estão de olho na namorada já mandaram inúmeras mensagens de texto tentando piorar a situação e as "amigas" solteironas aproveitam para colocar aquela pilha errada.
Fazer o que nessas horas? Bom, sempre falo que a lei do retorno tarda mas não falha e se algo está errado é só conferir na expressão facial da pessoa na hora da explicação. Homem não sabe disfarçar, mulher gosta de fantasiar.
Assim começa o famoso jogo do confia desconfiando e cada vez mais as pessoas vestem suas armaduras. Após terminar um relacionamento por mensagem de texto descobre-se que não era nada daquilo que foi passado adiante, era apenas uma amiga de infância. Aí só resta correr para as redes sociais na tentativa de desfazer o erro através das mais bregas indiretas e musiquinhas de "volta pra mim, amor". Lamentável, puro blasé!
Seria fácil resolver se fosse apenas isso mas, é bem pior do que imaginamos nessa nossa mente desocupada. Ligando a TV bem na hora do jantar me deparo com um vídeo de uma mulher sendo arrastada e espancada até a morte por seus vizinhos.
O que ela teria feito para despertar a ira de todos e protagonizar imagens pavorosas da época da inquisição? Após um indivíduo publicar um retrato falado de uma pessoa PARECIDA com a vítima alegando bruxaria e tortura infantil, os "super heróis" de merda resolveram fazer justiça com as próprias mãos.
Seria mais uma modalidade nessa selva de asfalto queimado? Não nos basta tacar foco em índio, matar mendigos, espancar gays, prostitutas e depois decorar nossas cidades com pessoas amarradas em postes? Imagina, isso é muito pouco! Todos temos o lado do mal e cabe a cada um de nós saber dominar essa fúria.
Ninguém vai mudar o mundo eliminando suposições, a mudança vem de dentro.
Quanto ao caso dos namorados, confiança é a alma do negócio e sem provas concretas não podemos viver de suposições, apenas de "rótulos".
Vale lembrar que não somos Deus!
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